SEM O MENOR INTERESSE.

08/7/16

Interesseiro é aquele que tem por objetivo primordial satisfazer seus próprios interesses, adotando, para este fim, procedimento falsamente sociável com aqueles que lhe possam ser úteis.

Na década de 90 havia um programa televisivo chamado A Escolinha do Professor Raimundo. Entre diversos personagens destacava-se um sujeito enrolador, com ar de bon vivant,  que sempre se dava bem ao presentear o professor, conseguindo excelentes notas.

Na busca de se defender de possíveis críticas e comentários ‘maldosos’, o seu Armando Volta (nome da personagem) se apressava em dizer: “o presentinho é de coração e não há o menor interesse”.

Sem interesse? Pessoas interesseiras estão espalhadas por todos os cantos do mundo, mas antes de falar sobre interesse e interesseiros, é preciso esclarecer que interesse todos têm e de certa forma, interesseiros todos são.

Ter interesse não é, em si mesmo, um mal do qual precisamos nos desviar. Mas, precisamos aprender a lidar com o interesse mau-caráter, mentiroso,  que usa da fragilidade do outro sem pudor, que é falso e ganancioso. É desse tipo de interesse que quero me ocupar.

A ação ou inação interesseira é aquela em que a pessoa age ou deixa de agir tendo como motivação única o proveito próprio.

Todos os interesseiros sabem que são interesseiros. Não há a possibilidade de alguém agir por interesse sem se dar conta de suas verdadeiras intenções. Para se caracterizar uma motivação/ação interesseira é preciso que haja alvo e execução. Alvo é o que se deseja alcançar com tal ação, motivada pelo interesse próprio e, execução é o meio pelo qual isso se fará – impossível faze-lo sem consciência.

Todos os interesseiros agem por conveniências e essas são malignas e malignizantes senão, vejamos: as conveniências interesseiras tem o poder de juntar e separar pessoas. Relações afetivas que surgem a partir de conveniências, por conveniências também chegam ao fim. O interesseiro está tão comprometido com o que lhe é conveniente que se sua consciência o acusar, seus interesses o defenderão sufocando-lhe a voz da consciência.

Para o interesseiro a moralidade de uma ação não é determinada a partir de princípios e valores que contemplem a todos, mas de regras que o contemple, segundo seus próprios interesses e conveniências.

O interesseiro está ao nosso redor. A sua proximidade visa apenas a subtração. Sim, eu sei que em toda e qualquer relação há subtração, mas também sei que numa relação saudável precisa haver adição a fim de que a relação perdure com qualidade.

Os interesseiros são camaleônicos. Difíceis de identificar. Eles falam vários idiomas – o idioma da ética, da moralidade, da religião, ou seja, falam a língua que o momento e a circunstância exigem. Os interesseiros atuam sob muitas máscaras – o mundano que dá pinta de espiritual, o político torto que discursa sobre mazelas sociais como se tivesse interesse em resolve-las, o insubmisso de coração que se mostra submisso na aparência, o traidor que se transveste de amigo fiel, ou seja, desempenham o papel que o momento e a circunstância exigem. Contudo, há um interesseiro ainda mais difícil de detectar, o que se mostra desinteressado.

Os interesseiros são difíceis, mas não impossíveis de serem identificados.

Aqui vão algumas dicas:

Interesseiro é o que cala. Aqueles cujas vozes se levantam apenas para defender seus interesses são interesseiros. Seja na câmara, na igreja, no clube, na empresa, na faculdade ou em qualquer outro lugar. Por vezes precisamos levantar nossas vozes em favor de outros interesses que não sejam os nossos propriamente dito.

Interesseiro é o que fala. Quem aprova em público, buscando vantagem, o que internamente reprova por consciência, é interesseiro. Quando uma situação exige um posicionamento e o indivíduo consulta primeiramente o seu ganho, e depois a consciência ou a justiça, é interesseiro.

Precisamos recorrer a Deus que nos livre dos interesseiros de plantão, a fim de que o manto da dissimulação se rasgue. Sim, Deus é capaz de lançar luz sobre as verdadeiras intenções daqueles que nos cercam e nos chamam de amigos. Quando isso ocorrer, então nos será dada a chance de decidir se é interessante continuar ou não embarcados nessa relação utilitarista.

Precisamos recorrer a Deus a fim de Ele blinde a parede dos nossos corações e nos livre desse interesse maligno, egoísta e perverso. Sim, recorrer a Deus para que, em nossa relação com Ele, não nos portemos como interesseiros.

Caso isso não ocorra, a bestificação nos aguarda e cedo ou tarde nos flagraremos interessados em Deus e em pessoas por interesse, pois num coração interesseiro só tem espaço para quem dá mais.

Lembre:se - o amor não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. 1 Coríntios 13:5

Isaias Silva

 

Compartilhar: