NASCI EM BARRA BONITA

08/7/16

Nasci em Barra Bonita, no interior de São Paulo, e todas as vezes que passo por lá minha mente se encharca de memórias. Algumas boas, outras já nem tanto. Por ter feito parte da Polícia Mirim trabalhei em vários lugares como office-boy, contudo um supermercado tem lugar cativo em minhas lembranças. Em determinados dias da semana éramos escalados para lavar os imensos corredores daquele estabelecimento. Com baldes imensos jogávamos água em abundância no piso que, de tão impermeável e petrificado, espalhava o precioso líquido para debaixo das gigantescas gôndolas.

Nesta pequena cidade minha família morou em várias casas. Em quase todas, como é comum no interior, tínhamos um bom quintal. De manhã, bem cedo, minha mãe e irmãos saiam para trabalhar e limpar a casa era a minha tarefa diária. Lembro-me de lavar a louça, varrer os cômodos puxando os móveis e passar pano no chão preparando-o para a cera vermelha. Em meio a faxina a água do balde retinha a terra deixada pelo pano através do enxague, então eu jogava a água suja no terreiro e enchia o balde novamente. 

Num desses dias tive um insight. Dei-me conta de que a mesma água era a mesma, mas os pisos eram muito diferentes.

Enquanto o piso impermeável do supermercado desprezava a água fazendo-a deslizar superficialmente e espalhando-a por todo lado, o outro, o terreiro poroso a abraçava, a absorvia com tanta força que parecia em pouco tempo nada ter sido depositado ali.

Hoje, enquanto pastoreio, vejo nas pessoas uma postura semelhante. 

Há dentro das igrejas muitos que estão petrificados ou seja, empanzinados, empachados, empanturrados... É muita pregação, muito estudo, muito programa, muito conforto, muito estacionamento, muita reunião, é muito em tudo e em tudo é muito. Tudo o que se diz produz pouco ou nenhum efeito, pois a abundância coopera para com o desperdício. Alguns se permitem, como aquele primeiro piso, fazer pouco da Água da Vida. Não há penetração, não encharcamento, não há absorção, não há sede - Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! Salmos 42:1

Encontrei outros fora da igreja que, contrariamente, abraçam com força ainda que seja uma pequena neblina, uma pequena névoa. Estão secos e por isso absorvem o Evangelho com tenacidade, pedem mais e querem mais. Valorizam o pouco que derramamos sobre eles. 

Por isso nasceu o Projeto ALLCANCE – Bendito Projeto ALLCANCE. É Água Viva sendo derramada no terreiro da desordem, no quintal da família, na sequidão do coração de quem sofre a escassez de vida. Tanta gente com sede, mas sem consciência. Estes estão morrendo de sede e de ignorância. Morrem de sede ignorando o quão perto estão da Fonte das Águas. Por isso nós vamos. Vamos porque não aceitaremos que ninguém morra ao nosso lado contando com o nosso descaso. Nós vamos dizer a todos quantos pudermos que... “O vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.”

Isaías 55:1

PR. ISAIAS

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